Presidente do Flamengo Adota Tom Conciliador sobre Arbitragem
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, surpreendeu ao adotar um tom mais conciliador em relação à arbitragem durante o III Fórum Empreendedor do Rio de Janeiro. Conhecido por seus discursos mais duros nos últimos meses, o mandatário reconheceu erros cometidos pelos árbitros, mas destacou o esforço da Comissão de Arbitragem da CBF e defendeu a importância de análises equilibradas.
Desafios na Arbitragem
“Entendo que o maior desafio hoje em termos de arbitragem é a parte de critérios. Um árbitro tem três ou quatro versões dependendo da partida. Vou dar um exemplo: o árbitro começa e deixa correr, aí o pau começa a comer. Depois de um determinado tempo, ele que estava sendo tolerante começa a não ser mais tolerante, para controlar o jogo. Aí você compara ele com outro jogo, onde o clima estava melhor e ele foi tolerante o tempo inteiro”, disse Bap.
O presidente explicou que entender o comportamento dos árbitros requer uma análise detalhada das partidas, observando as variações de postura durante o jogo e o impacto que isso tem no ritmo da partida. Segundo ele, a percepção do torcedor muitas vezes não considera essas nuances.
“Eles são seres humanos, estão sujeitos a isso, e é a dinâmica do jogo que determina se você terá um árbitro padrão 1, 2 ou 3. Se o seu clube é prejudicado pelo padrão 2, você compara com o padrão 1 de outro jogo. Existe um que de incontrolável nesse processo e temos que tirar a emoção disso”, afirmou, antes de completar: “Como faz isso? Com postura, por um lado, e com o VAR, que chega e diz: ‘Olha, essa decisão não pode ser essa, estou vendo uma coisa diferente’. Então, a coordenação entre o VAR e o árbitro de campo é fundamental, não para eliminar o problema, mas para minimizar.”
Importância da Coordenação entre VAR e Árbitros
Bap reforçou que a coordenação entre árbitro e VAR é essencial para reduzir erros, mas destacou que isso exige paciência e compreensão de que alguns equívocos são inevitáveis. Ele enfatizou que o acompanhamento constante e o treinamento da arbitragem são fundamentais para a evolução do futebol.
Contudo, ele ressaltou que os atletas também são impactados pelo andamento da partida, e a arbitragem é um desses fatores. Isso significa que é preciso compreender a reação daqueles que se sentem injustiçados. A solução proposta por Bap é melhorar toda a arbitragem, promovendo a unificação de critérios e a realização de treinos.
“Agora, tem o seguinte, os atletas… e isso vale para todos os árbitros. Vou contar um segredo para vocês: os jogadores também são seres humanos, também são impactados pelas atitudes dos árbitros. Também possuem o direito de achar que está tratando supostamente iguais de maneira diferente. E isso gera um desafio. Como resolve isso? Com acompanhamento e treinamento. Isso leva tempo”, complementou.
Impacto da Arbitragem no Ritmo do Flamengo
Levantamentos recentes do clube mostram que o ritmo de jogo do Flamengo foi afetado em diversas partidas do Campeonato Brasileiro de 2025. A média de bola rolando ficou abaixo da recomendação internacional de 60 minutos, com interrupções frequentes por faltas, revisões e paralisações.
Alguns árbitros tiveram um impacto mais significativo no ritmo de jogo, como Ramon Abatti Abel, que apitou quatro das cinco partidas com tempo de bola rolando abaixo de 60 minutos. Bap defende os esforços da CBF e da Comissão de Arbitragem, mas entende que há erros que “atropelam a discussão”.
“Entendo que, ultimamente, tem havido casos que atropelam essa discussão à medida que, como consegue antever ou regular erros grosseiros? Como faz quem é afetado por um erro material ser razoável se o jogo é importante? Me colocando no lugar dos outros, é muito difícil. Eu vejo que tem uma discussão muito forte, onde se tira fotografias para tentar analisar um filme,” afirmou.
Bap reforçou que a evolução da arbitragem não depende apenas de punições automáticas, mas de um trabalho contínuo de treinamento e padronização de critérios. Segundo ele, algumas medidas disciplinares são necessárias, mas não substituem o acompanhamento e a estruturação adequada dos árbitros.
“Defendo uma coisa, e digo para a CBF: tem que haver punição em alguns casos, mas não necessariamente suspensão. Suspensão é como colocar uma criança sentada por meia hora pensando no que fez. Ela volta e faz a mesma coisa, porque nada mudou, só ficou 30 minutos sem fazer o que não devia. Mas a parte de treinamento, estruturação e tentativa de unificação de critérios é um desafio enorme”, explicou.
“Esse é um trabalho que eu reconheço que a CBF, por meio da comissão de arbitragem, tem feito e tentado aprimorar. Mas é um trabalho difícil, não é simples, rápido nem fácil. E nossas emoções são complexas e imediatas.”
Mudança de Postura do Flamengo
A fala de Bap marca uma mudança significativa em relação à postura mais combativa do clube nas últimas semanas, quando o Flamengo divulgou notas de repúdio contra a arbitragem. Além disso, houve manifestações de atletas e do diretor José Boto após as partidas. Atualmente, a ênfase está em diálogo, treinamento e coordenação entre VAR e árbitros, sem deixar de reconhecer os desafios enfrentados pela comissão.
O presidente revelou que criou o hábito de assistir aos jogos duas vezes antes de fazer comentários, uma prática que lhe permite avaliar as ações da partida com mais precisão, após passar a emoção inicial. Ele reforçou que os clubes criticam muito a CBF, mas não se unem para discutir melhorias no futebol brasileiro.
“Por isso eu sempre olho a segunda partida antes de falar. Se eu falar durante ou logo depois, quem fala é o torcedor Bap, que quer que todo mundo se dane, que todos percam e o Flamengo ganhe a porr* toda. Quando vejo em casa, paro e penso: A gente não jogou tanto como achei, o time adversário foi tão violento como eu achei e nem o árbitro errou tanto. Temos que equilibrar as coisas”, afirmou.
“Isso exime de erros? Claro que não. O maior desafio é como lidar com esses erros, porque se der um tiro em todos os árbitros, em cinco rodadas não tem mais quem apitar. A gente critica a CBF a respeito disso; os clubes têm uma alternativa ou solução melhor? Não. Isso significa que não podemos ter? Não, mas demanda trabalho.”
A fala de Bap corrobora outras críticas que o presidente fez aos clubes. Ele afirma que não há qualquer tipo de debate para melhorar o nível do futebol nacional. As reuniões dos blocos de clubes, que deveriam servir para esses debates, se limitam a disputas comerciais.
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