Análise do Fair Play Financeiro revela vantagem do Flamengo sobre os adversários.

Estudo de Fair Play Financeiro no Futebol Brasileiro

A Sports Value divulgou a versão 2025 do seu estudo sobre Fair Play Financeiro aplicado ao futebol brasileiro. O levantamento apresenta quais clubes estariam em conformidade com regras rigorosas de controle financeiro, inspiradas em modelos europeus. Dentre os 20 principais clubes do país, o Flamengo se destaca mais uma vez como um exemplo de sucesso.

Contexto do Estudo

O estudo, assinado por Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo, utiliza o modelo de fair play financeiro implementado na Europa como referência. Essa estratégia começou a ser aplicada em 2011, após clubes europeus registrarem um prejuízo recorde de € 1,7 bilhão. A partir de 2017, os clubes começaram a voltar a registrar lucros, embora tenham enfrentado desafios significativos, especialmente devido à pandemia de Covid-19.

Critérios de Avaliação Financeira

O modelo proposto pela consultoria Sports Value se baseia em três critérios fundamentais para avaliar a saúde financeira dos clubes:

1. Controle de Déficits e Prejuízos

Os clubes com Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) devem manter um controle rígido dos déficits e prejuízos, com um limite máximo de R$ 20 milhões em média ao longo de dois anos.

2. Controle de Gastos com Futebol

Os gastos com futebol não devem ultrapassar 73% das receitas anuais, a fim de garantir um equilíbrio financeiro.

3. Endividamento Controlado

O índice de endividamento, que mede a relação entre a dívida líquida e a receita total, deve ser inferior a 2,0.

Desempenho do Flamengo no Fair Play Financeiro

Controle de Déficit

O Flamengo se destaca pela força financeira, evidenciada pelo resultado líquido obtido nos últimos três anos. Enquanto vários clubes que operam sob o modelo SAF acumulam prejuízos na casa dos bilhões, o Flamengo alcançou um superávit de R$ 454,5 milhões. Esse desempenho coloca o clube em uma posição privilegiada, muito acima da média nacional e longe de riscos regulatórios.

No levantamento, clubes como Botafogo SAF, Bahia SAF e Atlético-MG SAF aparecem entre os piores avaliados, acumulando prejuízos superiores a R$ 1,3 bilhão durante o mesmo período. Em contrapartida, o Flamengo mantém uma trajetória oposta, demonstrando consistência mesmo com os altos investimentos em um elenco competitivo.

A Sports Value ressalta que déficits recorrentes representam uma ameaça direta à sustentabilidade financeira a longo prazo. Assim, a diferença entre o Flamengo e os clubes mais endividados reforça as disparidades na gestão financeira. O Rubro-Negro se apresenta como uma das poucas exceções em um cenário que, em geral, é marcado por resultados financeiros negativos.

Controle de Gastos

O segundo critério analisa a proporção dos gastos com futebol em relação à receita operacional anual. Para a Sports Value, índices de até 73% são considerados seguros para garantir um equilíbrio financeiro. O Flamengo se posicionou com 74% em 2024, um número muito próximo do limite estipulado pelo estudo.

Esse índice coloca o clube em um patamar semelhante ao de outras instituições com uma gestão responsável, como Palmeiras e Santos. Embora o Flamengo tenha ultrapassado ligeiramente o limite ideal e registrado um aumento de 2023 para 2024, o resultado ainda evidencia uma estrutura financeira controlada. Em contraste, clubes como Bahia e Cruzeiro ultrapassaram 100% de suas receitas com gastos.

Apesar de estar próximo do teto, o Flamengo demonstra que é possível competir com contas equilibradas. Além disso, as projeções de receitas que podem alcançar cerca de R$ 2 bilhões em 2025 devem contribuir para a redução desse índice.

Endividamento

O critério final analisa o controle do endividamento líquido, que mede a relação entre os passivos e a receita total. A Sports Value estabelece um limite máximo aceitável de 2,0. O Flamengo registrou um índice de apenas 0,26 em 2024, consolidando-se como um dos clubes mais sólidos do país nesse aspecto.

Esse número é significativamente inferior ao de clubes como Corinthians, Cruzeiro e Atlético-MG, que possuem índices superiores a 2,0, ultrapassando o limite proposto pela consultoria. O Flamengo, por sua vez, destaca-se pela elevada arrecadação e pela disciplina na gestão financeira.

A combinação de superávits constantes, controle do endividamento e gastos proporcionais posiciona o Flamengo como um exemplo positivo no cenário financeiro do futebol. Em um contexto nacional repleto de déficits bilionários, o clube rubro-negro mantém uma liderança que se estende também além das quatro linhas.

Projeto de Fair Play da CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está em processo de implementação de um modelo de Fair Play Financeiro com previsão para 2026. A principal sanção inicial prevista será a proibição de transferências, impedindo que clubes inadimplentes registrem novas contratações. O Flamengo está participando ativamente das discussões e apoia a adoção de regras mais rigorosas.

Um dos desafios enfrentados é construir um consenso em torno dos limites de gastos e das formas de sanções progressivas. A tendência é que sejam adotados percentuais de gastos entre 70% e 80% da receita operacional, alinhando-se aos modelos internacionais, sem impor valores fixos de investimento. A expectativa é que o anúncio oficial sobre essas regras ocorra em novembro.

Projeções Financeiras do Flamengo para 2025

No primeiro semestre de 2025, o Flamengo registrou R$ 712 milhões em receita bruta, um valor que representa o maior montante da história do clube. Esse desempenho revela um crescimento de 52% em relação ao recorde anterior e solidifica a força financeira do clube rubro-negro. O crescimento foi impulsionado pela participação na Copa do Mundo de Clubes e pela gestão eficaz do Maracanã.

Considerando esse cenário, o Flamengo projeta uma receita total que pode se aproximar de R$ 2 bilhões até dezembro. Esse número representaria um aumento de 30% em relação ao recorde estabelecido em 2024, ampliando ainda mais a liderança do clube no cenário nacional. Além disso, o Flamengo espera superar R$ 1,3 bilhão em receitas recorrentes, alcançando um novo patamar inédito.

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