Entrevista com Bap
Após a criação de uma narrativa pelos rivais, com o apoio da grande imprensa, de que o Flamengo é egoísta nas discussões sobre a divisão de direitos de TV na Libra, Bap, presidente do clube, decidiu responder de forma contundente. Em entrevista ao UOL, ele afirmou que o Flamengo tem sido alvo de um complô nos bastidores, liderado por Palmeiras e São Paulo.
A Narrativa de Egoísmo
O discurso de que o Flamengo é egoísta, segundo Bap, é uma tentativa de mascarar atitudes excludentes e previamente combinadas entre a maioria dos clubes da Libra, com destaque para a dupla paulista.
"Quem é egoísta? Quem é excludente? Na verdade, os outros clubes são excludentes ao Flamengo", declarou Bap, iniciando uma inversão da narrativa que tem sido construída contra o clube. Ele argumentou que, enquanto o Flamengo busca participar ativamente de todas as discussões sobre o futuro do futebol brasileiro, outros clubes têm tomado decisões isoladas e, quando são contrariados, "jogam a culpa nos outros".
Tentativas de Acordo
Bap explicou que o Flamengo passou meses tentando negociar e alcançar um consenso, mas a postura dos demais clubes foi de não apresentar contra-argumentos. Ele acredita que os rivais não analisaram a proposta do Flamengo até que o clube decidiu recorrer à Justiça.
"Tentamos (um acordo) por oito meses […] Eu acredito que só foram prestar atenção no pleito do Flamengo depois que entramos na Justiça […] Me surpreende muito a posição sectária e excludente que eles tiveram. Em nenhum momento quiseram discutir, não fizeram pergunta sobre nenhum detalhe de fórmula", relatou o presidente do Flamengo.
"Havia uma discussão sobre cenários e quanto era apresentado para eles, antes da gente explicar, já tinha gente votando. Você nem falava o que queria e já tinha quem votasse contra. Tentamos durante oito meses chegar a um acordo sobre cenários e não chegamos. Não foi por falta de vontade do Flamengo, muito pelo contrário", acrescentou.
Agora, Bap garante que a postura do Flamengo mudou, indicando que o clube não será mais tão flexível nas negociações. É importante ressaltar que o Flamengo está perdendo uma quantidade significativa de dinheiro até mesmo no cenário que ele próprio propôs. O presidente revelou que há reuniões prévias entre a maioria dos clubes da Libra, sem a presença do Flamengo, nas quais já são decididas as posições do bloco para futuras assembleias.
"Importante dizer: não houve uma única contraproposta do lado de lá. Não houve discussão de mérito, de absolutamente nada. A gente sabe que todas essas votações foram precedidas de reuniões prévias sem o Flamengo, onde combinavam seus votos. Os clubes se reuniam antes, decidiam voto e iam para a reunião. Quando o Flamengo acabava de apresentar seu cenário, eles votavam contra", destacou.
"Fica claro que nunca houve intenção clara de chegar a um acordo. Era só bater o martelo e ser da forma como eles queriam […] Então a ideia de que o Flamengo é excludente, não participa, não é verdade. Flamengo participa e quer participar e talvez seja um problema à medida que você se choca com a narrativa de um Flamengo egoísta", concluiu Bap.
Articulações de Palmeiras e São Paulo
Bap também denunciou que Palmeiras e São Paulo se uniram para barrar a entrada do Flamengo no comitê de integração com a Liga Forte Futebol (LFU), um grupo rival da Libra que foi criado para tentar unificar as duas frentes.
"O Flamengo pediu para participar do comitê de integração com a Liga Forte, e Palmeiras e São Paulo votaram contra […] Não existe uma Liga no Brasil sem a participação do Flamengo nesse processo. Eu, como presidente do Flamengo, não vou abrir mão disso", afirmou.
O dirigente rubro-negro considera essa atitude como uma prova definitiva de que a Libra não busca a unidade, mas sim manter o Flamengo isolado. Segundo ele, o comportamento dos dois clubes demonstra uma aliança velada para controlar as decisões da liga, sem promover um diálogo real com os demais.
Bap reiterou que o Flamengo está interessado na união do futebol brasileiro, mas o processo se tornou um jogo de poder e vaidade. "Nesses dez meses de contato com o pessoal da Libra, não houve uma única reunião em que se discutisse o futebol brasileiro […] Alguns clubes só pensam em dinheiro, em tirar vantagem. Dedicam mais tempo e energia a aparecer em público, a propagar seu ego do que, de alguma forma, em trabalhar pelo interesse coletivo", ressaltou.
Tensão com Leila Pereira
Na sequência dos embates com os demais clubes da Libra, especialmente Palmeiras, liderado por Leila Pereira, Bap afirmou que não há um mau relacionamento com ela, com Casares (presidente do São Paulo) ou qualquer outro. Contudo, ele observou que houve um aumento das tensões devido à maneira "mimada" com que Leila lida com os debates.
Leila usou as últimas semanas para se manifestar sobre o Flamengo, sugerindo que o clube jogasse sozinho e se retirasse da Libra. Essas declarações foram consideradas por Bap como infantis.
"Declaração infantil, tentando colocar uma coisa que não é viável. Não existe isso. Quem é que discutiu que quer estar separado? Como que vai jogar sozinho? É uma conversa rasa até para criança de quinta série, uma tolice. Tenta criar uma cortina de fumaça num problema que é muito claro e material, que é como você divide um dinheiro que não estava definido", expressou Bap.
Por fim, o presidente do Flamengo reafirmou a intenção do clube de permanecer na Libra e questionou a hipocrisia em torno do discurso sobre a saída do Flamengo do bloco.
"O Flamengo não tem interesse em sair da Libra. Se a Libra tem interesse em votar pela saída, nós também não vamos dar unanimidade. Vai ficar muito claro, se eles colocarem o Flamengo para fora, que não querem construção de acordo coletivo. O Flamengo é o malvadão, separatista, e eles querem botar o Flamengo para fora? Isso só vai mostrar que eles queriam o Flamengo para aumentar o bolo deles, mas não querem dar o pedaço que fosse adequado pro Flamengo."
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