Crise na Liga do Futebol Brasileiro
A crise na Liga do Futebol Brasileiro, conhecida como Libra, alcançou um estágio crítico. Dirigentes de clubes que são membros da liga estão avaliando o estatuto do grupo para considerar a possibilidade de excluir o Flamengo, que é um dos fundadores da liga e um importante pilar comercial. Essa informação foi divulgada pelo jornalista Lucas Musetti, do UOL, durante o programa "De Primeira", e reflete o aprofundamento da divisão entre o Flamengo e os demais clubes participantes da liga.
Tensão entre os Clubes
A animosidade, que vinha crescendo nos bastidores, ganhou visibilidade pública após o Flamengo conseguir uma liminar na Justiça do Rio de Janeiro. Essa decisão bloqueou o repasse de R$ 77 milhões, que se referia à segunda parcela do contrato de direitos de transmissão com a Globo. Esse valor estava previsto para ser dividido entre os clubes que fazem parte da Libra.
A ação do Flamengo é interpretada como uma traição aos princípios coletivos do grupo, sendo considerada uma tentativa de "mudar as regras com o jogo em andamento". O principal ponto de discórdia reside no critério de divisão da receita proveniente das transmissões.
Críticas ao Critério de Divisão
Atualmente, o contrato estipula que 40% do valor seja dividido igualmente entre os clubes, 30% de acordo com a performance esportiva e 30% com base na audiência. O Flamengo questiona a métrica utilizada para medir essa audiência, alegando que o estatuto é omisso e que o critério vigente prejudica o clube em mais de R$ 100 milhões anualmente.
A Libra, em uma nota oficial, respondeu aos argumentos apresentados pelo Flamengo, afirmando que a regra de distribuição foi "aprovada em Assembleia Geral, por unanimidade, incluindo o próprio Flamengo e sem ressalvas". A liga acusou o clube de interromper o diálogo, criar um "fato artificial" e pressionar economicamente os demais integrantes, reafirmando que "o futebol brasileiro não tem um dono".
Reações de Outros Clubes
Outros clubes não tardaram em se manifestar. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, criticou a postura do Flamengo, descrevendo-a como "individualista e predatória". Ela anunciou que buscará na Justiça uma indenização pelos prejuízos causados pela atitude do clube carioca.
Movimento para Exclusão do Flamengo
O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, confirmou que existe um movimento interno para analisar as bases legais para uma possível expulsão do Flamengo da liga. Em suas declarações, ele disse: "A Libra soltou uma nota oficial rebatendo cada item e esclarecendo pontos desta ação do Flamengo. Os clubes agora aguardam as medidas já adotadas pela Libra na Justiça. Internamente, existe uma intenção de exclusão do Flamengo da Libra, devido a essa gravíssima atitude de querer mudar as regras durante o jogo. A iniciativa de exclusão não é do Santos. Existe um movimento interno de estudos pelo Estatuto."
Defesa do Flamengo
Em resposta a essas acusações e movimentos, o Flamengo defende-se afirmando que sempre buscou manter o diálogo, mas encontrou resistência por parte dos outros clubes. O clube carioca argumenta que a ação judicial foi um último recurso para garantir que "sua representatividade seja respeitada". Além disso, o Flamengo esclarece que a decisão de bloqueio afeta apenas a parcela de 30% da audiência, que é o ponto controverso, sem prejudicar o fluxo de caixa dos outros 70% do repasse.
Enquanto a Libra recorre à Justiça para derrubar a liminar e liberar os R$ 77 milhões que estão bloqueados, o futuro da liga como um todo permanece incerto. A exclusão de um clube de grande porte como o Flamengo poderia ter repercussões comerciais e políticas significativas, possivelmente levando à implosão do bloco que foi criado com a proposta de unir os clubes e fortalecer o futebol brasileiro.
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