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Entrevista: finalista do Jabuti comenta sobre sua conexão com o Flamengo e a influência de Jorge Luis Borges.

por Robson Caitano
Entrevista: finalista do Jabuti comenta sobre sua conexão com o Flamengo e a influência de Jorge Luis Borges.

Prêmio Jabuti 2023: Finalistas e Cerimônia de Premiação

No dia 27 de outubro, a Câmara Brasileira do Livro, entidade responsável pela organização do Prêmio Jabuti, anunciará os vencedores da 67ª edição da premiação. Entre os finalistas da categoria Conto, inserida no eixo de Literatura, está David Butter, autor do livro "A bomba e outros contos de futebol".

A cerimônia de premiação ocorrerá no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Este evento terá acesso exclusivo para convidados e será transmitido pelo canal da CBL no YouTube. Em uma entrevista concedida ao site MundoBola Flamengo, David Butter compartilhou suas reflexões sobre sua relação com o Flamengo, os escritores que o inspiram e a interseção entre literatura e futebol.

Sensação de estar entre os finalistas do Prêmio Jabuti

David Butter expressou sua felicidade ao receber a notícia de que foi selecionado como finalista do Prêmio Jabuti. Ele comentou sobre o significado dessa indicação para sua trajetória como escritor. "Estou muito feliz. O livro é minha estreia em ficção, e chegar a esse rol já é uma honra. Num aspecto pessoal, isso me encoraja a seguir em frente com outros projetos. Escrevo por ofício há mais de duas décadas. A ficção me dá a chance de fazer algo novo a esta altura. É uma janela rara, e eu quero aproveitá-la", afirmou o autor.

Relação com o Flamengo e raízes rubro-negras

Em relação ao Flamengo, David Butter descreveu seu vínculo com o clube e a torcida, explicando como essa ligação moldou sua vida pessoal e profissional. "Sinto que é insuficiente dizer que ‘sou’ Flamengo, pois, sem o Flamengo, eu não estaria aqui nem para começar a ser. Vou cometer a indelicadeza de citar algo que escrevi uma vez: ‘meu Flamengo é bússola e lastro. Meu Flamengo me localiza – suas glórias e suas vergonhas são como linhas de meu mapa. Com o meu Flamengo, eu me encontro no tempo e no espaço.’ O Maracanã é meu marco zero nesse processo, que passa muito pela relação com meu pai e meu irmão. E a torcida, na prática, é onde eu moro", declarou o escritor rubro-negro.

Conceito da obra e importância do futebol na vida

A ideia e o conceito que deram origem ao livro foram discutidos por Butter, que explicou a mensagem que desejava transmitir ao leitor. "O livro surgiu de um projeto antigo de escrever ficção sobre futebol. Foi, para mim, um daqueles projetos que a gente toca em fogo baixo, esquece e, um dia, decide tomar vergonha na cara e fazer de verdade. Os contos são independentes entre si, o que permite ao leitor entrar pela porta que quiser", afirmou o autor.

Para Butter, a paixão pelo futebol desde a infância foi fundamental tanto para o desenvolvimento de sua obra quanto para sua trajetória de vida. "Encaixa no meu comportamento e no meu gosto como leitor e, pelo que venho percebendo, no comportamento e no gosto de alguns leitores. As mensagens em si estão dispersas pelos contos: às vezes, claras; noutras, escondidas. Se tiver de escolher uma mensagem, é a que motiva o livro: são as paixões da vida inteira que nos levam a abrir outras portas. Foi o gosto por futebol, desde moleque, que me interessou primeiro pelo que se passava em outras terras e culturas", revelou.

Ele também acrescentou: "O que eu aprendi acompanhando futebol internacional pela Revista Placar e organizando campeonatos mundiais de futebol de botão – em que eu mesmo jogava – eu carreguei para a minha formação. O que parece ser apenas uma distração em que você gasta ‘tempo demais’ nas primeiras décadas da vida acaba sendo o que ajuda a te moldar".

Influências de Jorge Luis Borges e Machado de Assis

Butter comentou sobre os autores e obras que influenciaram sua trajetória, especialmente em relação ao livro "A bomba e outros contos de futebol". "É um livro de contos. Então acabei sendo influenciado pelo que já li na forma mais curta. Os argentinos Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares, pela capacidade de fazerem caber universos em poucas páginas. Do Brasil, sem dúvida, Murilo Rubião, um assombro de escritor que deveria ser mais lido, debatido e vivido. E Machado de Assis, claro – de quem é sempre pouco dizer ser ‘referência’: é guia, estrela no horizonte", destacou Butter.

Relação da obra com a essência do futebol brasileiro

David Butter também refletiu sobre o papel da literatura na preservação e reinterpretação do futebol brasileiro. "O futebol congrega alguns palcos da vida brasileira. No futebol e nesses palcos, descambam nossas formas de odiar e amar, além de algumas de nossas obsessões e esperanças, além de nossas mazelas e maiores virtudes. O livro tenta transportar temas universais para o campo, arquibancada, vestiário e para as muitas telas por meio das quais vivemos o futebol", explicou.

Ele concluiu essa parte da conversa afirmando: "No fim das contas, esse livro vem um pouco de um certo senso de inferioridade da ‘literatura de futebol’, à qual me afilio: tentei arriscar literatura que tem futebol como pretexto e pano de fundo, mas literatura em primeiro lugar. Espero ter acertado aqui e ali".

Quem é David Butter?

David Butter é jornalista formado pela Escola de Comunicação da UFRJ e possui mestrado em Religião na Sociedade Contemporânea pelo King’s College, de Londres. Butter trabalhou na televisão e em veículos digitais como editor, produtor, comentarista e diretor em grandes empresas, incluindo a TV Globo e Descomplica.

Flamenguista e portelense, David nasceu em uma família de médicos e de comerciantes de artigos de Carnaval. Ele concorre ao Prêmio Jabuti na categoria Conto (eixo Literatura), ao lado de outras obras e autores, que incluem:

  • "Breve inventário de pequenas solidões" – Autor(a): Tiago Feij
  • "Dores em salva" – Autor(a): Elimário Cardozo
  • "Esboços naturais" – Autor(a): Cavito
  • "Nós que nos amávamos tanto" – Autor(a): Laís Araruna de Aquino

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