Alejo e sua jornada ao Rio de Janeiro
A Copa Libertadores mobiliza emoções intensas, e para o Flamengo conquistar a Glória Eterna, é necessário ultrapassar um ‘amuleto’ do Racing. Alejo, um torcedor fervoroso do clube argentino, está realizando uma jornada ao Rio de Janeiro a pé e de carona.
A trajetória de Alejo
Alejo compartilhou sua experiência com o MundoBola Flamengo, informando que não é a primeira vez que empreende uma jornada desse tipo. O Racing conta com a presença de seus torcedores na maioria dos jogos internacionais fora de casa, e Alejo escolhe o caminho mais desafiador possível.
"Não venho caminhando de Avellaneda, mas de San Martín, até o Rio de Janeiro. Caminhando e pegando carona. A ideia surgiu no ano passado, na Copa Sul-Americana. Eu fui caminhando em todos os jogos, oitavas, quartas, semi, final, e o Racing saiu campeão. Eu fui caminhando na Recopa, quando o Racing venceu o Botafogo. Também caminhei até Fortaleza e até a Colômbia, Bucaramanga, uma viagem mais longa, de 7 mil km. Para Fortaleza, foram 5 mil km. Fui caminhando ao Uruguai, contra o Peñarol. Contra o Vélez, não fui caminhando, porque não havia torcida visitante no jogo. Agora, por conta da superstição de que sempre que vou caminhando, o Racing ganha, estou caminhando ao Rio de Janeiro", explicou.
Alejo como amuleto
Alejo se tornou conhecido entre os torcedores do Racing, que o consideram um amuleto. Por isso, frequentemente pedem que ele compareça aos jogos importantes fora da Argentina. Para voltar, ele menciona que pode conseguir carona com uma torcida organizada.
"A torcida do Racing já me vê como um amuleto, porque sou da equipe, digamos. Ainda não sei como vou retornar. É muito provável que a torcida do Racing me leve de volta. A Guarda Imperial, muitas vezes, me leva de volta em seu ônibus. Sou amigo deles", afirmou.
A jornada atual de Alejo
A viagem de Alejo começou há seis dias, e atualmente ele se encontra em Passo Fundo, um município no estado do Rio Grande do Sul. O trajeto continua difícil, conforme descreve o torcedor.
"Estou em Passo Fundo-RS. Eu tinha o objetivo de chegar ao Rio entre os dias 20 e 21, mas acho que vou chegar antes, entre 18 e 19", comentou.
Desafios enfrentados na estrada
Alejo não se intimida com os perigos que o caminho pode apresentar e discorre sobre os cuidados que toma, além da força emocional necessária para seguir em frente.
"Estou lidando bem com o cansaço e as dificuldades. A cada dia aprendo mais como administrar o cansaço e como ser forte mentalmente. Sei que existem dificuldades ao longo do caminho, reconheço que é muito perigoso e sempre preciso estar atento a tudo ao meu redor. Faço questão de observar a placa do veículo que chega para me levar, para avançar os quilômetros que forem necessários. Envio essa localização para alguém", relatou.
Ele iniciou a jornada com apenas 50 dólares e, para ajudar nos custos, promove uma rifa. Cada número custa cerca de R$ 8,00, e o primeiro prêmio é um mate personalizado, o segundo prêmio é uma garrafa térmica, e o terceiro é um presente aleatório do Brasil.
Experiências anteriores
Em relação às dificuldades, Alejo menciona que nesta viagem não enfrentou muitos problemas, mas recorda que a ida a Fortaleza foi a mais desafiadora, onde precisou dormir embaixo de um caminhão.
"Nesta viagem, por sorte, não estou enfrentando muitas dificuldades. A mais difícil foi para Fortaleza, que foram 5 mil km. O sorteio da Libertadores saiu e eu tive que deixar minha casa no dia seguinte. Foram 15 dias seguidos, sem parar, até Fortaleza. Dormi menos de três horas por dia e precisei dormir embaixo de um caminhão em uma rede paraguaia. Não havia hotéis disponíveis. Eu sofri, mas confio plenamente que nada de mal me acontecerá", afirmou.
Ele explicou que em algumas cidades os hotéis são escassos, o que limita suas opções. Os postos de gasolina, no entanto, se mostraram úteis em sua missão.
"Durante as pausas, descanso em hotéis, já dormi em postos de gasolina, dormi debaixo de um caminhão, e passei por todo tipo de situação. Já passei a noite inteira sem dormir em nenhum lugar", disse.
Saúde mental e desafios emocionais
Ao ser questionado sobre se já considerou desistir, Alejo relata que ansiedade e ataques de pânico o fizeram repensar em outras circunstâncias. Entretanto, esta é a nona vez que ele faz essa jornada, e a experiência está se tornando mais comum para ele.
"Já pensei em desistir em algum momento, mas não nesta viagem. Era muito estresse e ansiedade. Minha cabeça doía. Eu não conseguia lidar com isso, mas continuei, mesmo enfrentando ataques de pânico e crises de ansiedade. E, felizmente, sempre consegui atingir meu objetivo", lembrou.
Apoio dos torcedores do Racing no Brasil
A tarefa de Alejo não é simples, mas com mais de 52 mil seguidores no Instagram, onde compartilha vídeos de suas viagens, ele conta com uma base sólida de apoio.
Ao longo do caminho, ele encontra seguidores ou até desconhecidos que costumam ajudá-lo com alimentação, por exemplo. Além disso, no grupo de torcedores do Racing no Brasil, ele consegue se informar sobre o local em que se encontra, descobrindo se existem perigos ou se é um lugar mais seguro.
"Muitas vezes, as pessoas me ajudam. Quando chego a lugares, sou cumprimentado por seguidores, que me veem e me convidam para compartilhar uma refeição. Conheci muitos torcedores do Racing em todos os países que viajei. O Racing tem uma filial no Brasil, com mais de 200 torcedores que vivem em várias partes do país. Eles me auxiliam. Estou no grupo de WhatsApp e, quando tenho dúvidas sobre a segurança de um lugar, procuro me informar, e assim vou avançando", explicou.
Um seguidor, inclusive, conseguiu uma hospedagem em um hotel com um conhecido, para que Alejo pudesse passar a noite.
Por fim, ele mencionou que saiu cedo de casa para garantir que terá tempo de descobrir como fará para acessar a partida, já que ele não possui ingressos.
"Saí muito cedo, mas não sabia como controlaria o tempo. Há vezes em que caminho e não consigo avançar nada, não avanço nem um quilômetro. Caminho, caminho, e chego a um posto de gasolina… Mas em outras ocasiões consigo avançar. Então, saí cedo para que fosse mais fácil chegar. Também saí muito antes porque não tenho ingressos, então estou tentando chegar antes para, caso não consiga ingressos com o Racing, tentar outra maneira de conseguir, ou entrar sem ingresso, encontrando algum contato ou algo do tipo", concluiu.
Ajuda do técnico do Racing
Quando questionado sobre como planeja entrar no Maracanã, Alejo afirmou: "Não sei! Só sei que vai dar certo". Ele ainda compartilhou uma experiência em que o técnico do Racing, Gustavo Costas, o ajudou na final da Copa Sul-Americana, ao lhe fornecer ingressos ao saber de sua história. Assim, Alejo pôde assistir à decisão contra o Cruzeiro, em campo neutro, no Paraguai, e ainda conseguiu entrar em campo ao final da partida, posando para fotos com uma medalha do título.
Resumo das viagens de Alejo
Abaixo, segue um resumo das viagens de Alejo, pedindo carona para assistir aos jogos do Racing fora de casa:
- Viña del Mar, Chile – Huachitado x Racing (Oitavas da Sul-Americana 2024)
- Curitiba, Brasil – Athletico x Racing (Quartas da Sul-Americana 2024)
- São Paulo, Brasil – Corinthians x Racing (Semifinal da Sul-Americana 2024)
- Assunção, Paraguai – Racing x Cruzeiro (Final da Sul-Americana 2024)
- Rio de Janeiro, Brasil – Botafogo x Racing (Recopa Sul-Americana 2025)
- Fortaleza, Brasil – Fortaleza x Racing (Fase de Grupos da Libertadores 2025)
- Bucaramanga, Colômbia – (Fase de Grupos da Libertadores 2025)
- Montevidéu, Uruguai – Peñarol x Racing (Oitavas de final da Libertadores 2025)
- Rio de Janeiro, Brasil – Flamengo x Racing (Em andamento, semifinal da Libertadores 2025)
Confronto entre Flamengo e Racing na semifinal da Libertadores
O Racing conseguiu eliminar o Vélez Sarsfield, enquanto o Flamengo superou o Estudiantes nas quartas de final. Agora, as duas equipes se enfrentarão na semifinal da Libertadores. O jogo de ida está marcado para o dia 22 de outubro, no Maracanã, às 21h30 (horário de Brasília). A partida de volta será realizada no El Cilindro de Avellaneda, no dia 29 de outubro.