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Leila, Libra e Bap: quem são os verdadeiros protagonistas nos bastidores do campeonato?

por Robson Caitano
Leila, Libra e Bap: quem são os verdadeiros protagonistas nos bastidores do campeonato?

Conflito entre Flamengo, Libra e Leila Pereira

O clima entre o Flamengo, a Libra e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, atingiu um ponto crítico. O clube carioca está contestando na Justiça o modelo de divisão de receitas da liga, enquanto Pereira se tornou uma das vozes mais críticas em relação à postura adotada pelo Flamengo. O cerne da disputa reside no critério de audiência, que representa 30% do valor do contrato de transmissão de TV que será válido entre os anos de 2025 e 2029.

Aposição das partes

A Libra afirma que o modelo de divisão foi aprovado, enquanto o Flamengo argumenta que o estatuto é omisso e que a votação nunca foi completada. O impasse teve início ainda durante a gestão de Rodolfo Landim, que negociou as bases do acordo com a Globo em 2024. No entanto, foi sob a presidência de Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, que a disputa se intensificou, transformando o debate sobre os direitos de TV em um grande conflito político.

O que está em jogo

O contrato estabelecido entre a Libra e a Globo prevê a divisão das receitas em três partes: 40% iguais entre os clubes, 30% por desempenho esportivo e 30% por audiência. Este último critério, que leva em consideração a popularidade de cada equipe, se tornou o foco central da discórdia. O Flamengo acredita que qualquer critério de medição de audiência deve ser aprovado por unanimidade, uma vez que o estatuto não especifica detalhes sobre TV aberta, fechada e streaming. Apesar dessa posição, a Libra solicitou que a Globo realizasse os pagamentos com base em cenários que não foram aceitos pelo clube rubro-negro.

Diante da falta de consenso, o Flamengo recorreu à Justiça e conseguiu uma liminar que bloqueou cerca de R$ 77 milhões da parcela de audiência que deveria ser repassada pela Globo à Libra. Em contrapartida, a liga sustenta que o método de cálculo foi aprovado em assembleia e que o Flamengo teria ratificado esse entendimento em fevereiro de 2025, o que é negado pelo clube carioca.

De Landim a Bap: Herança de um contrato

Embora atualmente o presidente do Flamengo seja Bap, a figura de Landim ainda é frequentemente mencionada nas discussões. Em setembro de 2024, Landim foi o responsável por firmar o contrato base com a Globo e validou o modelo de divisão de 40/30/30. Desde 2025, Bap herdou a responsabilidade de defender o clube nas discussões sobre o detalhamento técnico dessa divisão. Durante um período, Landim optou por não se manifestar, enquanto surgiram alegações de que sua gestão havia assinado um contrato que a nova administração não desejava cumprir. Quando decidiu se pronunciar, Landim refutou essa narrativa, afirmando que, no momento da assinatura do estatuto, não havia nenhuma negociação de direitos iniciada e que ainda se esperava a possível transformação daquele grupo em uma liga formal, com a adesão de todos os clubes.

A versão da Libra

A Libra, dirigida por Silvio Matos, considera que o bloqueio imposto pelo Flamengo é “desproporcional” e prejudica financeiramente outros clubes. De acordo com o executivo, o Flamengo recebeu um pedido de “armistício” após uma assembleia realizada em agosto, mas optou por seguir com a ação judicial mesmo assim. Silvio Matos afirma que a liga tentou negociar e que o Flamengo foi quem decidiu encerrar o diálogo.

Os clubes que estão mais alinhados com a Libra, como Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG, enxergam o movimento do Flamengo como uma demonstração de força que ameaça a união do grupo.

Leila Pereira x Bap: O embate que simboliza a crise

A tensão entre Leila Pereira e Bap se tornou um retrato público da crise. A presidente do Palmeiras acusou o Flamengo de agir de maneira autoritária, afirmando que é impossível estabelecer um diálogo com a atual gestão do clube carioca. Recentemente, ela declarou: “Se um clube se acha maior que o futebol brasileiro, que jogue sozinho”. Bap, por sua vez, respondeu com ironia, questionando a coerência da dirigente, ao alegar que ela prega união, mas se retira das reuniões sempre que o Flamengo apresenta propostas. Ele comentou: “Gentileza gera gentileza”, acentuando a natureza conflituosa da relação entre ambos.

A troca de farpas entre Leila e Bap consolidou o confronto como um embate tanto pessoal quanto político dentro do cenário do futebol brasileiro.

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Bastidores e divisões políticas

O impasse gerou manifestações até mesmo dentro do clube, com grupos internos e torcidas organizadas se posicionando. A Frente Flamengo Maior, por exemplo, publicou uma nota em apoio a Bap, acusando a Libra de impor um modelo que “prejudica os interesses do clube e da Nação Rubro-Negra”. Outros grupos, como Gestão e Paixão, FlaRaiz e FAM, também assinaram cartas públicas de apoio à diretoria.

Nos bastidores, a administração do Flamengo acredita que uma postura firme é necessária para garantir a transparência nas negociações. O argumento central é que, sem uma fórmula clara, a Libra poderia definir unilateralmente como cada clube seria medido e, consequentemente, quanto cada um ganharia.

Assembleias sob suspeita

Um parecer do professor Pablo Renteria, da PUC-Rio, trouxe novo ânimo à disputa. Segundo ele, assembleias realizadas por videoconferência devem, obrigatoriamente, ser gravadas. Caso isso não tenha sido feito, as decisões podem ser anuladas. O Flamengo afirma que solicitou o registro audiovisual da assembleia e nunca recebeu resposta. Além disso, existem suspeitas de que as pautas das convocações de maio e agosto tenham sido alteradas, o que configuraria uma irregularidade formal. Se a Justiça confirmar essas falhas, a assembleia pode ser invalidada e todas as deliberações poderão ser reavaliadas.

Especialista aponta que assembleia da Libra sem o Flamengo pode ser anulada.

A entrada da Fenapaf

A Federação Nacional dos Atletas Profissionais (Fenapaf) solicitou para ser incluída no processo como parte interessada, alegando que o bloqueio pode impactar o pagamento de salários dos jogadores. O Tribunal de Justiça do Rio aceitou o pedido, expandindo o alcance da disputa. Segundo a Fenapaf, o congelamento de cerca de R$ 77 milhões pode gerar dificuldades financeiras em vários clubes da Libra, especialmente aqueles que dependem fortemente do repasse proveniente da transmissão televisiva.

A força da Flamengo TV

Enquanto o debate jurídico continua, Marcelo Campos Pinto, consultor que representa o Flamengo na Libra, defende que o clube aproveite o momento para expandir seus próprios direitos de mídia. Ele acredita que o futuro está nas transmissões diretas e na criação de conteúdos digitais sob controle do próprio clube. Com 64 milhões de seguidores nas redes sociais, o Flamengo possui uma base robusta o suficiente para transformar sua plataforma, Flamengo TV, em uma das mais influentes na América Latina.

Possíveis desdobramentos

Os próximos passos podem incluir:

  • Arbitragem e Justiça: a definição do critério de audiência pode ser decidida por um tribunal arbitral.
  • Revisão de assembleias: se comprovada a falta de gravação, as atas podem ser anuladas.
  • Novo acordo técnico: a solução definitiva pode vir de um anexo regulatório que estabeleça pesos para cada plataforma e uma auditoria independente.

A disputa entre Flamengo, Libra e Leila Pereira transcende vaidades pessoais e envolve o modelo que determinará o futuro financeiro do futebol brasileiro. Enquanto o impasse permanece nos tribunais, o “campeonato dos bastidores” continua em andamento, e o Flamengo demonstra que também possui habilidade para atuar fora das quatro linhas.

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