O futebol que eu acompanhava e o jornalismo esportivo que observo atualmente.

Uma Relação de Longa Data com o Futebol

Eu acompanho futebol desde a infância, por volta de 1985 ou 1986, quando eu tinha apenas sete anos. Lembro-me claramente da Copa do Mundo daquela época, das bandeirinhas penduradas nas janelas e da minha família reunida em frente à televisão de tubo. Foi nesse contexto que iniciou uma relação que, por muitos anos, foi marcada por pura paixão pelo esporte.

Quando o Futebol Era Apenas Futebol

Durante muitos anos, eu assistia a todos os tipos de jogos: campeonato estadual, Seleção Brasileira, Libertadores, amistosos e qualquer partida que estivesse sendo transmitida. O que eu realmente apreciava era o jogo em si, a tática, as histórias que se desenrolavam e a emoção que cada partida proporcionava. Contudo, com o passar do tempo, percebi que fui me afastando dessa rotina. Atualmente, confesso que assisto praticamente apenas aos jogos do Flamengo.

Não é que o restante do futebol tenha perdido seu brilho, mas o ambiente ao redor do esporte se tornou complicado de acompanhar. O que me afastou não foi o jogo em si, mas o conteúdo que se produz e discute sobre ele.

O Jornalismo que Inspirava

Antigamente, o jornalismo esportivo era, para mim, uma extensão do prazer que sentia ao assistir ao futebol. Eu admirava alguns jornalistas, que eram profissionais experientes, com opiniões firmes, mas sempre respeitavam a informação, os fatos e a verdade. Recentemente, no entanto, tenho observado um cenário que me causa espanto. Profissionais com décadas de experiência, que serviram de referência para muitas pessoas, estão caindo em armadilhas que beiram o absurdo.

Não sei se isso ocorre por causa de clubismo, por pressão por audiência ou mesmo por vaidade, mas o que se vê atualmente é um contorcionismo quase artístico para transformar fatos em versões que são convenientes. A impressão que se tem é que a verdade perdeu espaço para narrativas mais confortáveis.

O Barulho que Afastou o Torcedor

Há algum tempo, parei de acompanhar os programas da televisão aberta. Depois, deixei de assistir à TV fechada. Hoje, sigo apenas alguns canais, e mesmo assim, tenho cada vez menos paciência para o que é apresentado. O foco, que deveria ser o futebol, se transformou em um palco para debates apaixonados, distorcidos e, muitas vezes, desprovidos de qualquer compromisso com a realidade.

O que mais entristece é refletir que muitos desses jornalistas foram pilares de referência para as gerações seguintes. Se aqueles que serviam de exemplo se deixaram levar por esse caminho, o que podemos esperar das novas vozes que estão começando agora?

As Consequências do Cenário Atual

A consequência desse cenário é inevitável: o debate se empobrece, a credibilidade se esvai e o futebol se torna apenas um pretexto para disputas entre torcidas. Atualmente, ao ligar a televisão, percebo que há menos jornalismo e mais torcedores disfarçados de analistas, o que é desanimador.

Ainda Há Esperança?

Sinceramente, não sei para onde estamos indo. Se os mestres já se desviaram do caminho, os aprendizes dificilmente seguirão uma trajetória diferente. Talvez ainda existam alguns resistentes – pessoas que acreditam que o futebol merece mais do que gritaria e clubismo. Contudo, por ora, o futuro do jornalismo esportivo parece sombrio.

E eu, que iniciei essa jornada lá atrás, com sete anos e um brilho no olhar, continuo tentando manter acesa a chama daquele futebol que eu costumava ver, que era jogo, paixão e verdade.

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Rico Monteiro é advogado e sócio do escritório Heringer, Monteiro e Curvelo Advogados. É pós-graduado em Processo Civil e ex-professor da ESA e da Estácio de Sá. Pai de duas Marias, é apaixonado por música e pelo Flamengo. Siga @ricomonteiro21 no Instagram e Twitter.

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