Retorno da Torcida Jovem Fla ao Maracanã
Celebração do retorno
“Deixa passar! Deixa passar! O bonde sinistro da Torcida Jovem Fla!” e “Sai, sai da frente! Sai que a Jovem Fla é chapa quente!” são algumas das músicas que voltaram a ecoar no setor Norte do Estádio Mario Filho, conhecido popularmente como Maracanã. O dia 31 de agosto de 2025 marcou o retorno da Jovem Fla aos estádios, após quase uma década de afastamento. Para celebrar esse reencontro, a Torcida Jovem Flamengo (TJF) organizou uma marcha que teve início na sede da torcida, localizada no centro da cidade, e seguiu até o estádio na Tijuca.
Impressionante marcha de retorno
Quem teve a oportunidade de observar essa marcha, que formou um imenso pelotão de torcedores, pode concordar que o espetáculo foi impressionante, assemelhando-se a uma romaria em direção à catedral. A energia e a dedicação demonstradas pelos torcedores foram notáveis, refletindo o sentimento de comunhão entre os flamenguistas. "O Flamengo é nossa comunhão. Juntamos nossa energia, nosso tempo, nossa dedicação. Só 11 entram em campo, mas jogamos todos nós. Por nós e pelos nossos. SEMPRE", declarou a torcida em meio à celebração.
A Raça Rubro Negra e seu retorno
A torcida Raça Rubro Negra, que também havia realizado um movimento de retorno aos estádios em julho, marchou até o Maracanã com um pelotão constituído por milhares de integrantes, todos vestidos com suas inconfundíveis camisas vermelhas. Assim como a Jovem Fla, a RRN também havia sido afastada dos estádios por ordem judicial, e seu retorno foi celebrado com grande entusiasmo.
Festa nas arquibancadas
A festa nas arquibancadas do Maracanã foi vibrante, com a Jovem Fla ocupando seu tradicional espaço atrás do gol, atualmente conhecido como setor Norte, que antes era chamado de Pilastra 45/46. As bandeiras da TJF foram erguidas, se juntando às bandeiras de outras torcidas, como Raça, Fla Manguaça, Império, Falange (atualmente no Setor Sul), Urubuzada e Nação 12. O Maracanã apresentou um visual mais colorido e vibrante com a exibição dessas bandeiras, um fato reconhecido por todos que frequentam os estádios.
História da Jovem Fla
A TJF também exibiu uma bandeira no meio do estádio, na parte leste, sinalizando seu retorno para as câmeras de televisão. Fundada em 1967, em um período de ditadura militar no Brasil, a Jovem Fla se autodenomina "O Exército Rubro Negro", reafirmando sua tradição e sua história no cenário do futebol brasileiro.
Violência no contexto das torcidas organizadas
É importante mencionar que as torcidas organizadas, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, frequentemente se encontram envolvidas em episódios de violência. A mistura de paixão, rivalidade entre clubes, questões territoriais, problemas pessoais, testosterona e o consumo de álcool, incentivado por propagandas, muitas vezes resulta em confrontos violentos, tanto nas arquibancadas quanto nas ruas adjacentes aos estádios.
Entretanto, afirmar que as torcidas organizadas são a única causa da violência no futebol é uma simplificação. A sociedade em geral apresenta altos índices de violência, que se manifestam em diversas formas, incluindo violência doméstica e a brutalidade policial. O crime organizado, assim como a violência estrutural presente nas classes sociais, também contribui para esse cenário. No Brasil, a violência é uma questão cultural e estrutural.
Reflexões sobre a história da violência
Ao analisarmos a história da humanidade, percebemos que muitos eventos significativos foram marcados por violência, seja ela física, social, cultural, financeira ou psicológica. Desde as batalhas no Coliseu, onde o público torcia pela morte de gladiadores, até as touradas na Espanha, que celebram a morte do touro, a sociedade sempre teve um papel ativo na promoção de atos violentos. No Brasil, a escravidão é um exemplo claro de brutalidade, onde os escravizados eram submetidos a torturas físicas.
Os índices de violência variam entre estados, países e épocas, mas um padrão se mantém, refletido em fatores financeiros, sociais e culturais. Acreditar que não haverá mais torcedores da TJF envolvidos em atos de violência, seja antes ou depois dos jogos, seria uma visão ingênua. A solução para esse problema reside na prevenção e na punição daqueles que se envolvem em confrontos, o que já tem sido feito pelo BEPE, que tem trabalhado na prevenção de violência nos estádios cariocas.
Desempenho do Flamengo contra o Grêmio
Na partida realizada no domingo contra o Grêmio, o Flamengo começou bem, dominando os primeiros dez minutos do jogo. Contudo, como não conseguiu marcar, o Grêmio se estabilizou, embora não tenha oferecido perigo ao goleiro Rossi. O juiz da partida foi alvo de críticas, pois seu desempenho foi questionado devido a faltas duvidosas, complicações na aplicação de cartões amarelos e uma polêmica marcação de pênalti contra o Flamengo. O resultado final foi um empate em 1 a 1.
Reflexões finais sobre o Flamengo
Apesar do resultado, o Flamengo encerrou a rodada na liderança do campeonato, atrás de dois clubes de grande tradição. Essa situação serve como um alerta para o Flamengo, destacando a necessidade de não cometer erros em jogos em casa, onde a vitória é fundamental.
Não se pode deixar de mencionar a boa lembrança que um jogo no Maracanã contra o Grêmio traz para a torcida rubro-negra. Em 2009, o Flamengo conquistou o Hexacampeonato Brasileiro em um confronto contra o Grêmio, onde o gol do título foi marcado de forma espetacular pelo zagueiro Ronaldo Angelim, após um escanteio cobrado por Pet. Para relembrar essa conquista, o cineasta Renato Martins produziu um filme intitulado “Magro de Aço”.
Renato Martins, que é pai e cineasta, expressou sua esperança de que a TJF, a RRN e outras organizadas do Flamengo consigam manter a disciplina e continuar a apoiar o clube nos estádios por muitos anos. Ele acredita que a presença dessas torcidas faz a diferença no ambiente do futebol.