Reinaldo recorda com emoção o treinador que o descobriu.

Carlinhos Violino e sua Última Partida pelo Flamengo

O Último Jogo

No dia 21 de outubro de 2000, Carlinhos Violino comandou o Flamengo pela última vez. A partida terminou com uma derrota por 2 a 1 para a Portuguesa, no Estádio do Canindé, marcando o fim de um ciclo que se estendeu por gerações e solidificou a imagem de Luís Carlos Nunes da Silva como um dos maiores símbolos da história rubro-negra.

A Trajetória de Carlinhos no Flamengo

Carlinhos Violino é uma figura lendária do Flamengo, tendo exercido diversas funções ao longo de sua trajetória. Ele dirigiu o clube em 315 partidas, acumulando 161 vitórias, 83 empates e 71 derrotas, o que o coloca como o terceiro técnico com mais jogos na história do clube. Ao longo de sete passagens pelo Flamengo (1983, 1987, 1991, 1994, 1998, 1999 e 2000), Carlinhos foi chamado em momentos de instabilidade e sempre respondeu com conquistas significativas. Sob seu comando, o Flamengo conquistou títulos do Campeonato Brasileiro em 1987 e 1992, da Copa Mercosul em 1999, além dos Campeonatos Cariocas de 1991, 1999 e 2000.

Antes de se tornar treinador, Carlinhos jogou pelo Flamengo, participando de 567 partidas entre 1958 e 1969, durante as quais conquistou a Taça Rio-São Paulo de 1961 e os Campeonatos Cariocas de 1963 e 1965. Conhecido por sua habilidade técnica, Carlinhos era um meio-campista reconhecido pelo toque refinado e pela leitura de jogo apurada, o que lhe rendeu o apelido de "Violino".

Desde que encerrou sua carreira como treinador em 2000, e mesmo após sua morte em 2015, sua influência permanece viva nas memórias de quem trabalhou com ele.

Reinaldo: O Treinador que Acreditou em uma Geração

A Relação com Carlinhos

Reinaldo, ex-jogador e formado na base do Flamengo, foi promovido ao elenco profissional por Carlinhos no final dos anos 1990. Com 25 anos de distância desde a despedida do treinador, Reinaldo recorda o período de convivência com carinho e gratidão.

“O Carlinhos, para mim, é uma das pessoas mais importantes da minha carreira, por tudo que fez por mim. Acreditou no meu futebol quando o Flamengo tinha grandes atacantes. Ele via em mim um talento, via que eu tinha condições de jogar no profissional e me deu a chance. Serei eternamente grato”, afirmou em entrevista ao MundoBola Flamengo.

Durante cerca de duas temporadas, Reinaldo trabalhou sob a orientação de Carlinhos, onde aprendeu o valor da cobrança justa, da inteligência tática e da atenção aos detalhes. “Ele era uma pessoa inteligentíssima, sempre dava bons conselhos e ensinamentos, principalmente sobre posicionamento. Foi fundamental ter trabalhado com um treinador do nível dele, vencedor e humano.”

O Estilo de Liderança de Carlinhos

O ex-jogador destaca que a serenidade de Carlinhos, vista do lado de fora, escondia uma liderança firme e um forte senso de justiça. Essa combinação de sensibilidade e rigor é uma das marcas que Reinaldo associa ao sucesso de Carlinhos em suas passagens por diferentes gerações.

Carlinhos compreendia como poucos o ambiente do Flamengo, transitava com naturalidade entre jovens e veteranos e tinha a habilidade de reconstruir a moral do elenco nos momentos difíceis. “Ele sempre dava um carinho especial para a gente da base, talvez por também ter sido um cria do Flamengo. Mas era um treinador de pulso firme, que sabia o momento de cobrar e o momento de acalmar. Esse equilíbrio fazia dele um treinador diferenciado. Se tivesse que cobrar, ele cobrava olho no olho. Ao mesmo tempo, passava tranquilidade durante o jogo e deixava o grupo confiante para jogar.”

O Legado de Carlinhos Violino

O Último Jogo e a Despedida

O último jogo de Carlinhos como técnico do Flamengo foi em 21 de outubro de 2000, quando o time perdeu por 2 a 1 para a Portuguesa, pelo Campeonato Brasileiro. Essa partida simbolizou o encerramento de uma longa trajetória no clube, que começou como jogador e culminou em uma carreira vitoriosa como treinador.

“Perder é sempre ruim, mas aquele jogo foi marcante. O grupo gostava muito do Carlinhos, ele tinha o elenco na mão. Não conseguimos dar a vitória que ele merecia, mas nada apaga a história dele. Foi um treinador vitorioso e um homem respeitado por todos. E como jogador, foi intocável. Era o Violino, elegante e competitivo”, recordou Reinaldo.

Mesmo em sua despedida, Carlinhos manteve o comportamento que o definiu ao longo da vida: discreto, leal e sereno. Em 2011, o Flamengo realizou a inauguração de uma praça e um busto em homenagem a Carlinhos na sede da Gávea.

O Legado Humano

Além dos títulos conquistados, Carlinhos deixou um legado de liderança que se baseava na empatia e na verdade. Reinaldo, que atualmente é técnico do Maricá, reconhece a influência direta de Carlinhos em sua maneira de conduzir grupos.

“O Carlinhos é um caso à parte. Aprendi muito com ele sobre o lado humano, sobre entender o atleta, saber o que está acontecendo com ele fora de campo. Isso é fundamental. Ele me ensinou que o treinador precisa olhar no olho do jogador e falar a verdade, sem curva. Esse caráter é o maior legado que ele deixou.”

Reinaldo também revela que aplica no cotidiano de seu trabalho o mesmo método que aprendeu com Carlinhos. “Procuro saber como o atleta está, se dormiu bem, como está a família. O Carlinhos dizia que só assim dá para extrair o máximo de cada um. Ele me ensinou a ser verdadeiro, a conversar olho no olho, e isso é algo que levo comigo como treinador.”

Carlinhos Violino, com sua seriedade, integridade e profunda identificação com o Flamengo, deixou uma marca indelével que atravessa gerações, sendo um exemplo de conduta e amor pelo clube. Sua história permanece viva, não apenas nas homenagens erigidas na Gávea, mas nas memórias daqueles que tiveram o privilégio de aprender com ele.

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